Prática Litúrgica: Semana Santa – 2015

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No caminhar do estudante de Teologia uma das experiências mais significativas é a atuação nas diversas comunidades eclesiais. Esta atuação tem o seu ápice naquela que é considerada a “Semana Maior”, a Semana Santa, esta que é base para fé professada pela Igreja Católica Apostólica Romana.

Neste ano, em uma nova realidade social, pude ter experiências diferentes daquelas que havia vivido em tempos de outrora. Desde o Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa vivi com intensidade o mistério celebrado por toda a Igreja. No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que assim é bem destacado nos dois evangelhos meditados ao longo da liturgia, pude meditar duas realidades que parecem se contrapor, mas, que na verdade, se relacionam intimamente. Proclamar a messianidade de Jesus não é negligenciar a sua Cruz, que na verdade é Trono de onde despende o maior gesto de sua realeza: a salvação da humanidade.

Os gestos de piedades, que variam de acordo com a realidade eclesiológica, são momentos fortes para mergulhar no sofrimento redentor de Jesus. Mergulhei nas dores de Cristo, este ano, em dois grandes momentos: o Ofício das Trevas e as Sete Dores de Nossa Senhora. Ambos os atos devocionais, em seus símbolos e gestos, leva-nos a um espírito contrito, pois tais sofrimentos foram, também, pelo meu resgaste. Este espírito de contrição culmina na missa penitencial, em que por um exame de consciência, percebo quanto o pecado ainda está presente em minha vida.

Em nossa diocese um dos momentos mais marcantes é a Missa do Crisma, que prefiro chamar a “Missa da Unidade”. Como é lindo observar a presença de todos os presbíteros em torno do epíscopo, cumprindo aquela vontade que foi expressa na Oração Sacerdotal de Jesus: “Que todos sejam um” Jo 17, 10.

Entretanto, não há experiência que ganhe mais destaque que o Tríduo Pascal, um único mistério que perpassa as três celebrações. A cerimônia da Instituição da Eucaristia, na Ceia do Senhor, é um momento de extrema experiência com o Cristo Servidor, que não se contenta simplesmente em servir lavando os pés, mas se doa totalmente por amor em um pequeno pedaço de pão e um pouquinho de vinho, deixando se fazer prisioneiro, não só pelas autoridades judaicas e do império, mas, sobretudo, em cada tabernáculo espalhado pelo mundo. Na celebração da Paixão do Senhor, unidos a toda Igreja, somos afligidos pela morte de nosso Esposo: caímos, ouvimos, vamos ao encontro do seu corpo, nos alimentamos e seguimos em cortejo para sepultar aquele que mais amamos. Por fim, uma luz brilha em meio à escuridão que estava sobre o mundo, se prorrompe um grito de júbilo: “Cristo Ressuscitou”, e é imbuído por essa verdade que celebramos a Vigília Pascal, noite de alegria verdadeira, que não se restringe aos limites do tempo, porém rompe o limiar da eternidade.

Enfim, se passa a maior de todas as semanas, pautada no mistério, tomada pela graça e geradora de vida plena; que só pôde ser bem vivida porque teve o auxílio do refletir de teológico, que não é uma mera ciência que nos afasta de Deus, mas é a Ciência do Mistério, que nos aproxima do sobrenatural e que edifica e purifica a nossa fé. Deste modo, peço a permissão ao leitor, para findar estas breves palavras registrando a minha gratidão ao Professor Doutor Padre Valeriano dos Santos Costa, que em suas brilhantes aulas de Teologia Litúrgica nos leva a experimentar, com maior profusão, a “Ágape” nos atos litúrgicos, e aqui cabe o destaque, a estupenda aula que antecedeu a Semana Santa, sem a qual não teria percebido e experimentado tanta graça que transborda do Mistério Pascal.

 

Sem. Dênis Mendes